segunda-feira, 3 de maio de 2010

... e assim eu vou, cruzando a neblina.

' Imagine que você está caminhando, rumo a um destino incerto. Na mão direita, você leva uma mala pesada, que chega a causar dor em seus dedos e os deixam vermelhos.A paisagem a sua volta é uma floresta, com árvores de um verde vivo estonteante e de um marrom-tronco contrastante com o azul límpido do céu. Algumas nuvens cobrem sua cabeça, mas nada que não o deixem ver o sol e seus raios quase transparentes no céu. Você vai caminhando, seguindo por uma estrada de chão de um amarelo queimado tão vivo, que deixa a paisagem ao seu redor como num quadro pintado a óleo. Você pode ouvir os passarinhos e ver as poucas orquídeas vermelhas que brotam nas árvores, e pode sorrir ao vê-las, porque tudo é maravilhoso.

 Mas, quando a paisagem começa a ficar ainda mais viva e colorida, as poucas nuvens no céu vão se juntando e formando uma neblina tremenda. Você caminha, sua respiração vai se tornando ofegante, a mala parece estar mais pesada, a neblina vai descendo a distância do céu ao chão e vai se aproximando de você. As cores vibrantes da paisagem vão perdendo o brilho, até que, despois de muito caminhar, você chega numa encruzilhada.

 Como assim? O caminho que era lindo se torna feio e estreito? Você coloca sua mala cuidadosamente no chão, para não machucar ainda mais seus dedos, olha para os dois caminhos que estão a sua frente e começa a pensar por qual deles você vai continuar seguindo.  Você começa a olhar mais a fundo nos caminhos, e começa a ver as diferenças.

 O caminho da sua direita está completamente coberto por neblina, você não consegue enxergar nada, além de uma imensidão branca que o deixa com frio, e medo até. Mas, algo no seu coração diz: "Siga por este caminho. Vá por aqui". O caminho a sua esquerda está mais limpo. A neblina se apresenta mais fraca e menos fria no caminho da esquerda, porém, você sente que não deve seguir por ali.
 Você começa a observar bem os dois caminhos. O caminho da esquerda começa a clariar, e você pode ver uma ponte, por trás da fraca neblina. Uma ponte que o convida a ir até lá. Enquanto o caminho da sua direita, continua escuro e frio. Mas seu corçaão ainda vibra gritando: "Vá pela direita, siga pela direita".

 Você coloca sua mão direita sobre seu coração, e sente-o desparado. Então, você levanta a cabeça, olha novamente para os caminhos e pensa consigo: "Para onde eu vou? Qual caminho devo seguir?"

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A nossa caminhada com Jesus, principalmente o começo dela, é assim: parecida, ou talvez igual, a essa história. Tudo é muito lindo, tudo é muito bom. Nossa mala parece pesada, mas nem tanto. Porém, o tempo vai passando, o caminhar vai ficando dificil e a mala vai pesando. Essa encruzilhada representa as vezes que nós temos que tomar decisões, ou as vezes em que nós temos que abrir mão de alguma coisa, ou ate ás vezes que nós temos que escolher o nosso caminho, definitivamente.

 - Quantas vezes você já não tomou uma atitude e depois, viu que era a errada?
- Quantas vezes você já seguiu por um caminho, e depois, chorou ao ver que tinha tomado o caminho errado?


 Talvez você, hoje, se encontre numa encruzilhada. Talvez você tenha que se decidir por algo, escolher o seu caminho. No evangelho de São João, no capítulo 16 versículo 4 Jesus vai nos dizer: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida ...", o que quer dizer que, o melhor caminho a seguir é Ele. Que, seja qual for a encruzilhada em que nós possamos estar, o caminho Dele é sempre o melhor, Ele é sempre a escolha certa.


 Mas, como saber qual o caminho de Jesus, quando nos deparamos com uma encruzilhada? Ás vezes, quando estamos na encruzilhada, quando estamos na hora da decisão, esquecemos ou não consiguimos ouvir a voz do Senhor. Como entao saber qual o caminho que Ele quer que nós sigamos? É por isso que Deus habita em nosso coração (L). Existe um velho parodoxo que consiste em ser "a razão x o coração". Quando, seja lá em qual circunstância for, optamos seguir pela razão, então fazemos aquilo que o nosso humano quer (Tiago1,14).


 Porém, quando optamos seguir pelo nosso coração, então, escolhemos o caminho do Senhor, e sabe porque? Porque o Senhor habita em nosso coração. Quando paramos para ouvir a voz do nosso coração, paramos pra ouvir a voz de Deus. Quando paramos para enxergar com os olhos do coração, então paramos para ver como Cristo viu. Quando paramos e agimos com o coração, então agimos como Cristo agiria naquela situação.


 Por isso, se você está em numa encruzilhada, siga o seu coração, porque Nele o Senhor está! Mesmo que seu coração diga para seguir pelo caminho mais frio, pelo caminho com pouca visão, pelo caminho na qual você não consegue ver o final, siga! O coração nunca erra, se está firmado no Senhor. Se você seguiu o seu coração e se decepcionou, então, seu coração não estava no Senhor e você agiu com a cabeça, que enganou seu coração pra que isso acontecesse.


 O coração do homem é ligado a Deus desde seu nascimento pelo batismo. Quando decidimos segui-lo, ouvi-lo, falar e ver através dele, então, estamos seguindo, ouvindo, falando e vendo como Jesus o fez.


 ' Se você está numa encruzilhada, então pare: coloque a mão sobre o seu coração, respire fundo, sinta-o vibrar e dizer: "Siga o caminho da direita". 

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Então, você pega sua mala, e continua seguindo o caminho da direita. É melhor seguir o coração do que a razão. A razão, muitos tentam prova-la ou descobri-la, mas ninguem o consegue e ela acaba sendo incerta; o coração porém, é um mistério fixo e objetivo, que nunca erra.

E assim você vai, cruzando a neblina. E assim eu vou, cruzindo a neblina. E assim nós vamos, cruzando a neblina, e vendo que atrás da escuridão e do frio, há uma terra que jorra leite e mel e um riacho puro de água viva que brota do lado direito da cruz.
 Você, ao ver tanto beleza, novamente para, solta a mala, olha pro céu que aos poucos perde as nuvens e desaparece com a neblina e vai formando um azul vivo, bem mais puro e colorido que antes e diz:

 ' Eu não sei onde Tu estás me conduzindo Mestre, mas eu quero ir contigo! Leva-me além Senhor. Obrigado Jesus, eu te amo. '

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